Teatro Universitário do Minho
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Agora

Ando farto de mim, farto de mim, farto. A minha vida é um puto dum frete pegado. Estou farto de tudo, de mim, de tudo. Farto como quem tem fome. Farto como quem não tem o que lhe falta. Farto como o que falta fazer. Deve haver coisas de que gosto com certeza, e pessoas de quem gosto com certeza, e sítios onde gosto de estar com certeza. Mas não sei o que são, não sei quem são, nem sei onde é.
Sou um carneiro. Eu sou um carneiro. Vou por onde mandam. Vou onde calha. Se eu soubesse exactamente as coisas de que gosto era feliz com elas agora, pegava nelas embevecido agora, rebolava com elas agora ficava horas especado a olhar para elas agora, mas não sei. Olho à volta e vejo tudo, mas em tudo não sei o que é. Aprendi a gostar de tudo e agora estou farto. Tudo é coisas a mais.
Se eu soubesse exactamente as pessoas de que gosto era feliz com elas agora, pegava nelas embevecido agora, rebolava com elas agora, ficava horas especado a olhar para elas agora, mas não sei. Olho à volta e vejo todas, mas de todas não sei quais são. Aprendi a gostar de todas e agora estou farto. Todas é gente a mais.
Se eu soubesse exactamente os sítios de que gosto era feliz neles agora, pégadas neles embevecido agora, rebolava neles agora, ficava horas especado a olhar para eles agora, mas não sei. Olho à volta e vejo todos, mas em todos não sei o que é são. Aprendi a gostar de todos e agora estou farto. Todos são sítios a mais. Tudo é demais. Todas são demais. Todos são demais.
Se me conhecesse e gostasse de me saber sabia o que me sabia bem, sabia o que era bom para mim. Paro o texto, o raciocínio, a auto-crítica, o bom, o mau, o mais e o menos. Paro o certo, o errado e descubro neste momento em mim as coisas que me fazem bem, as pessoas que me fazem bom e os sítios que me fazem homem.
É um momento eterno e instantâneo e só demora o que for preciso e muda agora a minha vida e o meu caminho. E é tão nítido. E é tão óbvio.
Como é que eu nunca tinha pensado nisto, neste, aqui? Como é que eu nunca pensei nisto, nesta, ali? Penso agora e é tão fácil. Agora conheço-me. Um homem só se conhece verdadeiramente quando sabe exactamente o que o faz feliz. Tornei-me num agora.
Foi mesmo agora. Foi mesmo agora.


Poema do livro "O Manual da Felicidade" de João Negreiros
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